Na mesma e única vida, nós passamos por vários altos e baixos, momentos muito tristes, momentos indiferentes, momentos de muita alegria. Nem sempre estamos no controle de em qual momento queremos estar, e as vezes não temos para onde fugir, temos que enfrentá-los até o seu fim, ou apenas deixarmos sermos enfrentados até o nosso fim. Como um boxeador que pisa no ringue acuado, e com medo. Tenta se afastar do inimigo no corner, mas no ringue não tem como fugir, não tem para onde fugir. Então voce apanha no corner até perder a consiciencia levando um nocaute, ou apanha até o tempo acabar e perde por pontos. Pode experimentar isso durante toda a vida. Pode experimentar isso durante os doze rounds, apanhando, sentindo a dor, sentindo o medo, sentindo a covardia, sentindo a fraqueza acabando com voce aos poucos. Pode cair, e seu instinto de sobrevivencia, até fazer voce levantar algumas vezes, mas só por instinto. Isso se não cair por nocaute logo de primeira. E quando acabar os doze rounds, vai ver as luzes do estádio apagando, o público indo embora, não vai ter mais empresários, ninguém vai confiar em um covarde, em um medroso. Ou então pode ser um boxeador que vai para o centro do ringue trocar golpes com o adversário dando o máximo de si, e mesmo que sua consciencia desapareça se voce cair no centro do ringue lutando, ainda vai receber aplausos, ainda vai ter quem confie em voce. Ou mesmo que perca por pontos nos doze rounds, mas sempre no centro do ringue cara a cara com o adversário, também receberá os aplausos, os sorrisos. Sejam eles vindo da platéia ou vindo de dentro de sí mesmo, da platéia que há dentro de sí mesmo. A vida é um desafio desde sempre. Desde quando se é parido a vida é um desafio. É um ringue. E não tem como voce simplesmente pular para fora do ringue, porque para cometer um ato covarde como o suicídio tem de ser corajoso. Uma das naturezas da vida é o desafio. Afirmo que nós somos desafiantes por natureza. Não podemos continuar nos desfazendo da nossa natureza, sendo covardes. Temos que aderir o que nos é natural a partir do momento em que nascemos. Desafiantes que dão tudo de si no ringue para vencer seus adversários! Por acaso voce não acredita que é um desafiante por natureza? Então como explica a corrida da vida? Antes de ser um boxeador, voce foi um grande corredor! Competiu contra milhões e milhões uma corrida incrível de velocidade e resistencia! E no final, venceu. Nessa corrida não havia segundo lugar, terceiro lugar. Só existia um premio, só existia um vencedor, só o primeiro lugar, e voce conseguiu isso. Desafiou um milhão e venceu, e não foi fácil! Muitos queriam vencer, tenha certeza disso! Mas a sua determinação, o seu esforço, te fizeram o único vencedor! A sua paixão pelo premio te fez um vencedor. O premio chamado VIDA. Onde voce pode ter outras pessoas que também venceram uma corrida por aí, para compartilharem a paixão de estar vivo. Ganhando vários abraços, beijos, carinhos e sentir a maior e mais intensa de todas as emoções, que supera até mesmo a paixão, chamada AMOR! E quando nasce, o amor de cara já te faz chorar bastante depois daquele longo descanso de mais ou menos 9 meses. Logo quando voce nasce, logo quando cai no ringue ele já te diz: ''Para provar verdadeiramente de mim terá que passar por furacões de emoções, pois aquele que é digno de mim, terá que provar primeiro a tristeza, a solidão, existencias emocionais que estão à minha volta até que chegue em mim.'' A vida é um desafio, são doze rounds, onde nem sempre ganhamos todos. Os momentos ruins que passamos na vida, as nossas derrotas, todas essas coisas ruins, são pilares nas nossas emoções, que devem ser usadas para sustentar o nosso ser. Ganharmos experiencia, sabedoria. ''Quem não sabe cultivar os momentos ruins para as futuras vitórias, não é digno de ser feliz.'' (Augusto Cury). É verdade, ninguém ama sem sofrer, ninguém vive sem sofrer.''Por que a dor, é um privilégio dos vivos.''(Augusto cury).
''O lugar de um desafiante não é no corner. Não quero deixar o ringue como um mentiroso.''
(Hajime no ippo)
O ringue é o único lugar que temos para mostrar quem somos, e para sermos o que realmente somos. Não pode haver mentiras. Portanto, quando eu pisar fora desse ringue, as pessoas tem que saber quem sou eu. E eu estou me preparando para isso, mesmo que meu corpo seja espedaçado, mesmo que minha emoção seja triturada. Eu tenho que fazer valer o significado da minha existencia. Tenho que fazer valer a vida, e não vai ser fugindo, não vai ser no corner. Vai ser no centro do ringue. Eu não luto porque quero vencer, mas porque tenho que vencer. Se não vou estar desprezando a corrida que venci, onde milhões de outros queriam ter vencido e não venceram. Para mim, o significado da existencia é amar e ser amado. O cinturão pelo o qual lutamos na vida se chama, e é: Amor.
Dedico esse texto a tres grandes amigos chamados Hilton Betta Junior! Artemus Antunes! Jéssica Silva!
